25 janeiro 2014

Categoria de base no futebol brasileiro não funciona nem dá futuro

Há 30 anos, o Santos vencia o Corinthians, no Canindé, por 2x1 e era campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Dos jogadores dos dois times, puxa aí pela memória e vê quantos desses fizeram sucesso no futebol ou que você se lembra? Olha as escalações:
Santos: Nílton, Amauri, Pedro Paulo, Flávio e Mário; Mazinho, Enéias e Édson; Mauro, Gérson e Guinho
Corinthians: Alexandre, Éder, Marcelo, Pinella e Brandão; Moisés, Careca e Edmundo; Aguinaldo, Carioca e Rogério.
Um ou outro, provavelmente.
 
A realidade da molecada é essa aí, terrão, de onde só sai aquele cuja família arruma algum dinheiro para comprar o sonho de ver o filho famoso e dando casa pra mãe e comida para os irmãos (escrevemos aqui dia desses sobre o Valter, agora no Fluminense, que era do Goiás). E, uma vez nas mãos dos empresários-urubus, vendem o que têm e ainda tomam algum emprestado para sair da miséria. E nunca vão sair! Vão é ficar mais miseráveis e pobres.
 

Vê que tipo de empresário o futebol tem hoje em dia, é só clicar no link http://www.sbt.com.br/conexaoreporter/reportagens/?id=54389
 
O programa Conexão Repórter do SBT apresentou na edição desta quinta-feira, 23 de janeiro de 2014, reportagem feita com aval do Ministério Público, que demorou 6 meses para ficar pronta, para falar dos porões do futebol brasileiro em que vige a corrupção em detrimento do talento. O empresário/agente de jogador fabrica o produto e o põe num time profissional por uma determinada quantia, mesmo um perna-de-pau. Na reportagem aparecem o contrato de profissionalização de um dos produtores do programa, registros na Federação Paulista de Futebol (FPF) e na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tudo mediante pagamentos pelos serviços. Não sei se é assim no resto do mundo, não me interessa, me interessa aqui!
Duas coisas me chamaram a atenção: quando ele afirma que futebol é negócio, coisa que também acho, e que talento não conta, é só 1%, e que "teste? No futebol brasileiro? Não existe já faz tempo esse negócio de "peneira"! O que põe jogador em time - e ele põe em time grande, em time pequeno e, até, na Seleção Brasileira - é contato com pessoas certas", COISA QUE TAMBÉM SEMPRE ACHEI...Pena, mas pelo menos aqui, ele foi honesto. O link do programa está aqui
 

Olha esse palmeirense...
Vale € 5 milhões! Em 2007 era da base do Palmeiras...Queria ser titular! Não sendo, passou pelo - sério! (Quá-quá-quá) - São Paulo e pelo Bahia. Acabou no Canoas (RS), Noroeste (SP), Santo André, Corinthians e Benfica de Portugal. No ano passado, o Al Ahli. Disposto a voltar ao Brasil, como qualquer um que volta em fim de carreira, com as burras cheias de dinheiro, provavelmente para ter mais chances de ser convocado porque a Copa do Mundo é no Brasil (Quá-quá-quá!). Não é o que todos dizem? Assim, teria recusado propostas dos Emirados Árabes, da Ucrânia, da Rússia, da Turquia, do Catar e, até, da Itália para jogar no Palmeiras!
Sendo simplista, a base do Alviverde está dando um prejuízo mínimo de 5 milhões de euros por não ter enxergado esse gênio da bola sete anos atrás! Ou será que o "agente" entrevistado pelo Roberto Cabrini tem razão, hein?!
    
Outro da safra do Bruno César, rapaz de 24 anos que com 17, ainda na base corintiana, jogou no time titular e "chateado" se mandou para jogar de titular(?) no PSV (Holanda). Não rendendo, como era esperado e lógico, foi emprestado ao Vitória (BA) e ao Vasco. Em 2012 foi vendido ao Wolfsburg (Alemanha) e, de novo não rendendo o esperado, foi emprestado ao Vasco. Agora, está de volta ao Corinthians, onde fica até o fim do ano, quando termina seu contrato com o time alemão, que dá graças a Deus por se ver livre do encargo. Tantas voltas para voltar ao lugar onde esteve?
 
Neste preciso instante em que você está lendo, tem, em todo canto, milhares de meninos atrás da bola e do mesmo sonho: sair da miséria, coisa cada vez mais difícil com o futebol hoje em dia. Como disse o empresário do programa do Cabrini, talento não conta, tudo tem um preço e essa gente humilde não tem dinheiro para bancar os custos...perdão, o "investimento", como ele diz. E ele manda manda mais de 100 jogadores por ano para o exterior, viu?, quase todos para times árabes. Um, que foi para a Alemanha, "investiu" R$ 120 mil na carreira e voltou sem nada.
Para formar jogador, não tem que ser ex-jogador, tem que ter aptidão e preparo. Mas aptidão e preparo pra quê se o "time de cima" está recheado de jogadores de empresários como os que o Cabrini entrevistou? Sou levado a acreditar que categorias de base não servem para nada além de alguns negócios a mais para esses empresários-urubus e alguns dirigentes igualmente corruptos. É a lógica quem diz.

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