01 novembro 2015

30% dos jogadores profissionais estão desempregados, aí, vão jogar na várzea



No futebol de várzea, salário vem em um envelope lacrado, com o seu nome e uma instrução: “Não abra no vestiário!” Tem gente que nega, mas a maioria dos jogadores de várzea recebe algum para entrar em campo. O valor depende do nível. Começa com R$ 10,00, só para ajudar no combustível, e pode chegar a R$ 300,00 por jogo. Termina a partida, jogador toma seu banho e o envelope já está lá com o seu. E ninguém abre. Alguns recebem mais, outros menos. Alguns nem dinheiro recebem. E é um problema: já ouvi muita gente falando “você que recebe, vai lá e resolve''. Acontece. 

Mas o dinheiro de verdade está na assinatura. É assim que a gente chama quando o jogador é assediado, negocia a adesão ao time, é como a luva do futebol. Os times pagam um bônus para você disputar a competição para eles. Os mais visados levam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, mas alguns, os que arrebentam, ganham até mais, como profissional. Quando você entra no radar dos donos de times mais fortes, a coisa é diferente, o dirigente vai até o vestiário da equipe que você está defendendo no fim da partida e já fala em proposta, conseguem o número do seu telefone e te chamam para tomar uma cerveja, e nessa cervejinha que vem a proposta. Para fazer um teste ou passar por um período de experiência, o jogador desempregado teria que pagar entre R$ 300 e R$ 3.000 dependendo do nível do clube, é assim que a coisa funciona, a menos que você tenha um empresário que faça esse trabalho por você, mas ele já come todos os ganhos antecipadamente, o que pode ser pior. (blog Papo de Várzea).

No Brasil, são mais de 2 milhões de jogadores com carteira assinada, mas 11 milhões estão sem registro, e olha que são 30 mil clubes profissionais! (Em São Paulo, são 138 equipes profissionais). São 5 mil partidas por ano nas mais de 100 competições, mas mesmo assim, não tem lugar para muita gente. Dos 4 mil jogadores profissionais paulistas, mais de 1.000 estão sem clube. E isso tem fortalecido muito os torneios semiprofissionais paulistas, principalmente nas cidades mais ricas e na Grande São Paulo, onde as muitas Ligas organizam torneios de altíssimo nível, onde rola muito dinheiro.  

Agora mesmo, quando a TV transmite jogos da Copa Paulista aos sábados à noite, via de regra vemos dois ou três jogadores no vídeo e no domingo de manhã já estão lá nos campos defendendo equipes de menos expressão mas que, pelo menos, pagam ali, na hora, no vestiário mesmo. Acabou o jogo, tomou banho, recebe à vista, cash. Ontem mesmo, na eliminação do Nacional (3x3 com o Linense), dois jogadores estariam em campo hoje no Amador local se houvesse rodada, interrompida por razões administrativas até tudo se resolver. Os principais times amadores de Jundiaí "empregam" uns 15 jogadores profissionais, alguns com emprego e outros ou de folga ou precisando pagar as contas de água e luz e sem clube, para sorte deles e do nível dos jogos. Essa é a realidade e ponto.





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